quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"Quero ser uma estrela-do-mar"

A noite tinha-se instalado. Apenas a luz da Lua e o brilho das estrelas davam luz à pequena cidade. Era tão bonito ver aquele espectáculo de luzes, aqueles movimentos tão invulgares. Num abrir e fechar de olhos, lá estavam eles, os pequenos pontinhos a piscar constantemente.
Com o enorme céu, encontrava-se o enorme mar. Desta forma, todas as noites, as criaturas do mar comunicavam com as do céu. As ondas contavam aos planetas quantas pessoas nelas tinham mergulhado durante o dia, a Lua contava a todos os peixinhos histórias maravilhosas e encantadoras para adormecerem, pois no dia seguinte seria um dia cheio de emoções no meio daquele grande oceano e as estrelas do céu contavam às estrelas-do-mar tudo o que viam, estas ficavam maravilhadas e adoravam saber todos os pormenores.
No meio de toda esta convivência, estava a pequena estrelinha do mar, enterrada na areia, incomodada e triste com tantas aventuras que as estrelas do céu estavam a contar.
- Só queria ser uma delas, queria brilhar bem lá no alto, queria ser uma estrela que todos admirassem, misteriosa como elas e puder ver tudo o que se passa, puder sentir todos os sentimentos possíveis. Queria ser aquela estrelinha a quem as pessoas pedem desejos com imensa força porque confiam nela e têm esperança que ela os realize. – Disse a estrelinha desenterrando-se lentamente da areia fina da praia e flutuando nas ondas.
- Compreendo perfeitamente o que estás a dizer, minha querida. – disse uma estrela do céu que apareceu repentinamente perto dela. – Sei que pensas que estar aqui em cima é algo de extraordinário, algo fantástico e sabes como o sei? Porque eu já fui uma estrela-do-mar…
O silêncio instalou-se.
- O quê? Não estou a perceber. – Disse a estrelinha interrompendo o silêncio – Estás no céu, brilhas como ninguém, não podes ter sido uma estrela-do-mar, nós não brilhamos nem concretizamos desejos como vocês…
A estrela do céu sorriu, estava a perceber tudo o que a pequena estrela estava a sentir.
- É mesmo verdade minha pequenina, já fui igual a ti. Já tive esse desejo de brilhar aqui no alto, de tocar neste vazio, de ser admirada por tudo e por todos. Já tive o desejo de poder ver tudo. E esse meu desejo concretizou-se.
- Mas como? – Perguntou, muito surpreendida a estrela-do-mar.
- Preparada para ouvir? Foi assim, todas as noites pedia ao Rei dos Mares para falar com a Lua e tentar convencê-la de que o meu lugar é no céu e ele nunca cedia. Uma vez, estava eu a pedir, como todas as noites, para o Rei mudar de ideias, pedi imenso. Por sorte, a Lua ouviu-me e veio falar comigo, disse-me que se continuasse assim, tão triste, não iria ser boa como estrela-do-mar por isso combinou comigo falar com o Rei e convencê-lo a tornar-me estrela-do-céu. – Começou a contar a estrela do céu.
- Tens mesmo sorte. Parece que nasceste para ser uma estrela do céu. Mas, como é que fizeram essa troca?
- Bem, foi assim; a Lua lá convenceu o Rei dos Mares e então combinamos que na noite seguinte uma estrela cadente me viria buscar para me levar até ao céu. Quando cheguei lá precisou de fazer uns exames para ver se era certa para aquele lugar. Passei em todos, instalei-me muito bem e as estrelas daqui foram muito simpáticas e compreensivas comigo, por isso mesmo já estou cá há mais de mil anos. Tenho uma ideia, e se nós fizéssemos o que me fizeram? Eu poderia falar com a Lua e esta falava com o Rei dos Mares, tenho a certeza que ele irá compreender, e assim, podias vir viver aqui para cima.
- Tens razão! Era tudo o que eu mais queria. Obrigada estrela-do-céu, espero que em breve estejamos juntas aí no alto!
E assim foi. A estrela-do-mar está agora lá no céu. É tudo o que sempre desejou.



Sara Viana, nº 28, 7ºF

Sem comentários: