quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"A Estrela do Céu e a Estrela-do-mar"

Era uma vez uma estrela-do-mar que vivia resignada pois estava aborrecida por se encontrar sempre no mesmo local, frio e azul, sem se poder movimentar para outras paragens, conhecer outros lugares…
Vivia no extremo Ocidente, na “Terra do Sol poente”, e todos os dias aconteciam as mesmas coisas: despertava, com os pequenos raios solares que a água do mar não conseguia filtrar a incidirem sobre ela, e, ainda um bocado adormecida, começava a rastejar lentamente até uma barreira de coral ali próxima; lá alimentava-se e descansava, à espera da chegada da noite e do reinício daquele ciclo diário.
Certo dia, durante o pôr-do-sol, a estrela lembrou-se de olhar para o horizonte e, na linha em que o céu e a terra se tocam, ela avistou uma pequena estrela do céu que lhe chamou a atenção pois cintilava menos do que as outras. Lembrou-se então de que não tinha amigos e de que aquela era uma boa oportunidade para fazer um. Decidiu partir até aquele local.
Após quatro dias de viagem chegou finalmente ao destino, mas acabou por ter uma desilusão pois era de dia e as estrelas gostam de brincar durante o dia e só à noite irem para os seus lugares descansar.
Depois de esperar horas e horas pela noite e depois de percorrer toda aquela zona em busca de alguma actividade para passar o tempo, a estrela-do-mar lá conseguiu encontrar-se com a estrela do céu:
- Olá, o meu nome é Estrela-do-Mar.
E depois de uma breve troca de olhares, respondeu:
- Olá, o meu é Estrela do Céu. Mas, o que vieste cá tu fazer?
-Eu… vim perguntar-te como é a vida de uma estrela do céu e se quererias ser minha amiga. – Declarou, timidamente, a Estrela-do-Mar com medo de que a Estrela do Céu fosse fazer troça dela.
Mas, contra as suas expectativas, a Estrela do Céu respondeu:
-Aceito ser tua amiga com enorme prazer. Quanto à vida de uma estrela do céu não há muito a dizer… as estrelas do céu vivem infelizes pois passam o tempo a olhar para o mundo e para as suas desgraças: ora há um acidente de veículos, ora há crimes ou violência nas cidades, ora se vê alguém a poluir e a maltratar o ambiente, ora há um derrame de petróleo no mar, ora um incêndio florestal…; enquanto tu tens uma sorte invejável pois vives num local escondido e tranquilo longe do mundo e das suas preocupações, num local cheio de cor e de animais maravilhosos e misteriosos e onde há abundância em tudo e nada te falta! Quem me dera estar no teu lugar.
Cheia de espanto a estrela-do-mar contra-argumenta dizendo:
-Eu sempre pensei exactamente o contrário, que as estrelas do céu eram felicíssimas e que se divertiam imenso durante o dia inteiro, que tinham a possibilidade de contemplar paisagens e locais do outro mundo e que conseguiam ver toda alegria e felicidade dos homens. Enquanto nós, estrelas-do-mar, estamos presas à monotonia do fundo do mar e não podemos vislumbrar coisas nem locais novos, ver diferentes tipos de vida e conhecer outros tipos de ambiente, em vez disso temos de nos preocupar em nos alimentarmos e em conseguirmo-nos deslocar de um sítio para o outro, vagarosamente, rastejando, rastejando…
Dizendo isto a Estrela do Céu e a Estrela-do-Mar sorriram uma para a outra… havia vantagens e desvantagens em cada uma das suas condições e elas aprenderam que não devemos pensar que “a relva que nasce no quintal vizinho é mais verde que a do nosso”.

José Luís Antunes Martins, nº 19, 7ºF

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