quarta-feira, 18 de março de 2009

“O essencial é invisível aos olhos”

O aspecto é ilusório. Cada vez mais nos apercebemos desta verdade, que se vai tornando universal com o passar dos dias, pé ante pé.
A Lúcia da “Gata Borralheira” de Sophia, o Vagabundo do “Tempo de Solidão” de Manuel da Fonseca e o Adamastor d’”Os Lusíadas” de Camões…todas estas personagens literárias comprovam a realidade que domina o mundo que conhecemos.
Ora, Adamastor era aterrador, horrível, gigante e feito de pedra. Porém, nem sempre fora assim, afirma-o ele. Desta forma, mergulha-se numa faceta que não pode ser entendida pela visão, ao contrário do aspecto grotesco do gigante. Conta a sua história trágica de amor que o abalou, enfureceu e transformou num inerte e abandonado penedo: Tétis, ninfa dos mares, deusa das águas, tinha prendido Adamastor na sua beleza e delicadeza. Então este, ao vê-la certo dia, lá ao longe no horizonte, corre desvairadamente na sua direcção. Para terrível espanto, de Adamastor, tudo não passava de uma enganosa armadilha: Tétis era uma ilusão para esconder o monte! O gigante foi transformado num penedo e assim se deu origem ao assustador e feio Adamastor com o qual todos estão tão familiarizados.
Pode concluir-se, contrastando a aparência colossalmente aterradora com o interior surpreendentemente sensível de Adamastor, que há uma semelhança com a imagem apresentada: ambas revelam duas facetas opostas, uma bela e jovem e outra velha e oculta.


Ana Aguiar, nº 3, 9ºB

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